terça-feira, 3 de novembro de 2009

QUANDO O ÓBVIO NOS SUFOCA

Andamos em círculo e já cansamos. Estamos nos acostumando com a violência e a violência vai nos matar. Estamos de mãos dadas com os hipócritas e os hipócritas vão nos abraçar com punhais afiados nas mãos. Elegemos esperanças falsas sabendo-as mentirosas e elas vão nos humilhar no futuro próximo. Amamos os desinteressados só por interesse e depois reclamamos da falta de sensibilidade dos que não sabem amar. Porra, nós somos o problema dessa solução que nunca chega. Queremos melhorar o mundo agindo enganosamente. Isso é sobrevivência. Engano próprio é pior que mentira alheia. Ou assumimos nossas pequenezas e agarramos a chance de crescermos pendurados no que resta de nobre ou rastejaremos mendigando migalhas de sonho e sentimento. A esmola que esmurra é a que nos faz pensar na culpa que temos. Alguém precisa apagar a luz para que possamos enxergar a saída. Enquanto existir essa falsa facilidade nos fazendo crer em semelhantes seguiremos deslumbrados com enganos. Não adianta dizer que nos falta um choque de realidade, porque estamos devidamente isolados em nós mesmo, inatingíveis. Nada mais nos afeta, a não ser o óbvio que nos cansa e faz refletir alguma coisa ainda.Tudo se tornou enfadonho nesta loja de espelhos, de celebridades descerebradas e de ídolos idiotizados. Só resta o óbvio... e ninguém tem coragem de apagar a luz pra ver se a gente enxerga...

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

GRAVADO MAIS QUE NA MEMÓRIA

Meu sobrinho Lucas chega trazendo um DVD com imagens da infância dele junto com meus filhos. Está lá a infância preservada. Eles correm, tomam banho, desfilam. João Pedro, irmão do Lucas, ainda engatinha no DVD. Está tudo lá: os primeiros passos, o soninho quase terno (em se tratando do João). Meus filhos, Gustavo e Rafaela, correm livres por todos os cantos daquele mundo que ainda existe... no DVD. De tudo que perdemos, de tudo que escapou, das coisas que não foi possível plastificar, cristalizar, emoldurar, a infância livre deles está ali gravada. Quizera fosse a vida assim, com essa incrível possibilidade de voltar num toque nas teclas de um controle remoto; poder dar zoom e ver a beleza quando ainda eramos "perfeitos". Mas a existência é flash e não slow; corre pra frente e não aceita repeat, return. Uma vez enter, vamos! Nosso filme sem pausa, sem rec, sem legenda. É isso aí... e pronto!

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

GRILOS DA VIDA

Gosto dos sons da natureza. Não de todos os sons. Gosto do barulho suave da chuva no telhado, já desgastado pelo sol; do vento tangente soprando manso nas palhas do coqueiro do quintal; dos gritos e gargalhadas das crianças na rua da frente e até mesmo dos cachorros que ladram noite adentro. Gosto de música. Não de todas. Só das boas. Som é pra se ouvir, por mais redundante que isso soe. Não gosto, claro de tampas de panela caindo, de copos quebrados e nem desse grilo perturbante com seu canto agudo que insiste em seu solo intermitente. Chuva é uma coisa, goteira é outra. Nem todo som faz bem aos ouvidos cansados de um dia que aboliu o silêncio e assassinou cedo a tranquilidade. Mesmo assim é noite. E as noites são dos morcegos, das mariposas, dos sapos e dos grilos. Ainda que eu não goste.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

O VENTO LEVA E TRAZ ATÉ ESPERANÇA

O domingo começou tranquilo e com a ressaca me embrulhando o estômago. Na madrugada passei um tempo vendo o esforço do Rubinho para se manter à frente de Button. Depois mergulhei de novo em sonhos e pesadelos e assim acordei para curtir a preguiça durante toda a manhã na caminha macia e quentinha, com a janela aberta pra rua calma e sonolenta. Disse para meu filho que não treinaríamos direção nesse domingo e aos poucos fui recuperando a flora intestinal. Da cozinha cheiro de frango e verduras frescas. Na geladeira uma MELancia que justificou o nome pela incrível doçura. No céu uma previsão de chuva que começou se confirmando lá pelas quatro e meia da tarde. Ventos fortes começaram a soprar e ameaçaram derrubar o potão de uma empresa que fica em frente nossa casa. A energia elétrica caiu e o temporal desabou. O vento uivava feroz e voraz. Resolvi colocar o carro na garagem uma vez que se o portão cedesse à força da ventania viria direto pra cima dele. Depois dessa movimentação estranha, diferente de tudo que já soprou por aqui, resolvemos dar uma volta e ver o que teria ficado intacto: a cidade estava parcialmente quebrada. Muitas lojas com letreiros danificados e árvores caídas. Hoje amanhecemos fazendo campanhas de solidariedade e muita gente se comovendo com quem sofrem com a passagem desse vento alertante de tudo que pode ainda vir...

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

TAMOS AÍ

Meus e minhas! Agora estamos com um espaço para comentar questões do programa de rádio e também para fazer aquelas considerações pessoais, tão comuns hoje nesse mundinho cibernéticoescalafobético. Dê uma passadinha por lá e espalhe pros chegados: www.amigomoreno.com.br.

Abraços e bom fim de semana!!!

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

É BAIXARIA DE ALTÍSSIMA QUALIDADE

Meu protesto a respeito do primeiro lugar em baixaria, segundo o site www.eticanatv.org.br, para o programa "Jogo Aberto", apresentador pela belíssima Renata Fan. E a TV Senado, onde é que fica? Sinceramente, é muita falta de ética!

terça-feira, 25 de agosto de 2009

BELCHIOR É LOCALIZADO EM LUGAR INCERTO


MAISVIDANOAR - Belchior, suas canções sempre mostraram uma inquietação, uma insatisfação com os contextos que você viveu. O que houve? Por que a decisão de "sumir do mapa", de "sair de cena"?
BELCHIOR - Moreno, há momentos que, num instante, como um flash, tudo muda. Minhas letras sangram, é verdade. As fiz e faço contraindo, dores de parto, momentos em que estou farto. Dias em que estamos no mundo e tudo é bonito. Mas há dias que o mundo está dentro da gente e nesses dias ou a gente explode ou aborta...
MAISVIDANOAR - Você se encheu do mundo? O mundo o encheu demais?
BELCHIOR - Isso vai passar. Penso que vai. E quando passar eu talvez volte e volte a ser o que as pessoas querem que eu seja. Por enquanto quero ficar na companhia da minha sombra, do meu reflexo no espelho, dos meus retratos em preto e branco.
MAISVIDANOAR - Onde você está?
BELCHIOR - Em qualquer lugar não muito longe e nem tão perto. Distante o suficiente apenas para não ser perturbado e perto o necessário para não deixar de existir para vocês.
MAISVIDANOAR - Você tem conhecimento do quanto tem repercutido seu "desaparecimento"?
BELCHIOR - Eu não desapareci! Estou aqui. Não me tornei invisível. Me vejo todo dia. Sei onde estou. Parece que à quem de fato interessa - a mim mesmo - estou bem! Agradeço pela lembrança e preocupação. Mas não se preocupem. Sei que muitas vezes vocês também desejaram sumir. Muitos não o fazem porque suas vidas pertecem a terceiros. Ao fazer o que fiz quis apenas provar para mim mesmo que ainda posso deixar de fazer o que todo mundo quer.
MAISVIDANOAR - Você diria que é uma atitude contra a mesmice, a rotina sufocante, as cobranças do dia a dia?
BELCHIOR - Diria que é um ato revolucionário ser você mesmo.
MAISVIDANOAR - Quando você ressurge?
BELCHIOR - Quando mudar de novo pela milésima vez só esta semana de opinião. . .
MAISVIDANOAR - Belchior, Belchior... Alô... Caramba, caiu a ligação!
(entrevista fictícia)