sábado, 24 de janeiro de 2009

A SEMENTE DA REVOLUÇÃO

Uma semente chamada Aleida. Filha de Che Guevara, Aleida é uma das figuras mais esperadas para o Mini Forum Social de Carajás, que acontece aqui em Parauapebas. Ela é médica (como o pai) e vive em Cuba, país que Che, juntamente com os irmãos Fidel, tiraram à força das mãos do ditador Fulgêncio Batista. Se fosse uma marca, Che Guevara estaria entre as mais valiosas e populares do mundo. Seu rosto, com olhar perdido rumo ao infinito (morada de todos os revolucionários), estampa camisetas, cerâmicas, quadros, muros, painéis. Neste fim de semana teremos um contato com a vida de El Che. Seja bem vida, Doutora Aleida Guevara. Que o sangue que corre em suas veias possa irrigar as sementes que serão plantadas no solo da Sierra de Carajás.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

COMEDORES DE MORROS

Li numa entrevista do candidato a prefeito Darci Lermen, quando disputava a primeira campanha para a prefeitura de Parauapebas, ao descrever a cidade, que o lugar era lindo, com belas montanhas e outros tantos atrativos. Hoje, prefeito pela segunda vez, fico imaginando como deve doer no coração de Darci, ao olhar para a cidade, como ela é consumida pelos vorazes comedores de morros. Eles estão devorando o que ele um dia chamou de montanha e ninguém grita. Esperam que as pedras clamem?

É a Vale devorando as montanhas de ferro na Serra de Carajás e aqui embaixo, no Vale dos Morros uivantes, as máquinas comendo nossos morros pelas beiradas. Devoradores de paisagens. Quando comerem tudo o que é belo, procurarão outro lugares bonitos para matar essa fome inexplicável.

E, nas férias, eles partem, em busca de lugares maravilhosos, onde há o que se vê, para apreciar a beleza de lá. E pagam por isso. E quem pagará pelos estragos que fazem aqui?

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

UM OLHAR DE CIMA...

Olhar para os pés que me levam por aí é algo assim meio esquisito, do ponto de vista de quem nunca prestou muito atenção nesses membros nada inferiores. E quando digo não prestar atenção, é sequer cuidar. Relaga-los a uma baixeza que, de fato, eles não têm. São eles que, cansados, me emprestam uma certa sensação de prazer quando em casa chego depois de mais um dia de apertos. E olha que só quem usa é que sabe onde o sapato aperta.

Eles têm saudade de uma caminhada desnudos, simples, livres pela areia da praia. Daquela pelada no fim de semana. Agora eles fazem parte do conjunto da obra do impressionismo barato a que me sujeito para parecer um sujeito social e agradável, enquanto eles sofrem dentro de um sapato executivo bico fino.

Meus pés. Meus amigos de jornada sempre...

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

ESTRELA MORTAL

Parece uma estrela. A estrela de Belém. Mas é apenas uma bomba explodindo no céu de Israel.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

DO OUTRO LADO A ESTRADA CONTINUA

Em alguns munícipios banhados por caldalosos rios aqui no Pará, Maranhão e no Tocantins, ainda se atravessa de balsa. Quando a gente chega na margem daqui e olha a estrada continuando do lado de lá, é uma coisa impressionante. É como se a estrada da vida tivesse sido interrompida. É como se a viagem encontrasse uma clareira, um vácuo, uma vala, por onde corre um veio imenso para te fazer refletir. Fazer aquela pausa. Olhar a paisagem...

Do outro lado a estrada continua. As estradas seguem iguais. O que muda são as águas que interrompem esses caminhos.

LÁ ONDE A VIDA SEGUE LENTA E MODORRENTA


Ando por aí fotografando a vida. Este é um registro das margens do Rio Capim, travessia para pegar a Alça Viária, uma estrada emoldurada por exuberante natureza. Olhando essas palafitas, casinhas suspensas, sonhos suspensos, enquanto a vida segue lenta e modorrenta, me deixam uma coisa incômoda no peito. As perguntas cravam na cabeça e as respostas nunca vêm. Pois enquanto em lugares assim a existência é marcada pelo nível do rio, eu continuo neste início de ano tentando deixar de roer as unhas. Acabei de tirar da caixinha e da gaveta a agenda que ganhei de presente. O ano começa é mesmo agora e amanhã já é sábado. A gente engata uma primeira, ganha velocidade e já vem uma curva.
Vamos em frente. Projetos e sonhos são como esses rios que a gente encontra pelas estradas. Os meus vão desaguar em algum mar distante. Mas lá, eu sei, há abundância, fartura, natureza plena. Vida plena. Feliz ano novo. Aproveite, pois daqui a pouco ele já estará velho de novo.