Foi minha filha quem viu o corpo estendido no chão, inerte sobre o asfalto ainda frio da manhã desta segunda-feira, 24 de agosto. Ela disse que ouviu o galo cantando meia hora antes. Teria sido a última canção de um galinho assim meio desafinado. Raul era um galo garnizé, desses que não crescem. Sua voz era maior que ele. Toda madrugada a vizinhança inteira ouvia seu canto destrambelhado, ora engasgado ora pela metade. Um canto torto. Caramba! Foi num dia meio assim que Raul Seixas também morreu há 20 anos. Pêsames! O galinho da Rua "C" morreu atropelado. Justo ele que tinha tanto medo de ser comido pelo Bin Laden, um cachorrão valente que mora na casa ao lado. Cena inusitada: Bin Laden chega, nota o corpo sobre o asfalto, encosta o fucinho, cheira o "parceiro" de canções madruguentas e vai embora. Amanhã cedinho a vizinhança da Rua "C" estará tristemente silenciosa. Trânsito louco. Por que atropelar um galo numa rua é muita imprudência. E, depois, o Raul é que era doido...
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Caro Moreno,
ResponderExcluirParece que estou vendo a cena do último canto do "Raul". Você é bom nisso, meu caro.
Lembraças de seu amigo e companheiro.
Edvaldo Ferreira
Radialista e Jornalista
Brasilia - DF
Gostei da história do galo da rua C. Parabéns uma bela crônica de uma morte anunciada pelo transito e esta vida louca que vivemos. Gostaria de acompanhar o seu blog. Um abraço.
ResponderExcluir